Livrai-nos do mal!

Acervo pessoal. Rio de Janeiro, julho de 2013. O papa olhou para nós e nos abençoou. 

Quando Nosso Senhor ensinou-nos a rezar, pôs ao final da oração mais um pedido: Livrai-nos do mal. Não é por acaso que esta petição se encontra ao fim da oração do “Pai Nosso”, afinal todas as outras petições da oração farão mais sentido se estivermos livres do mal. 

Livrai-nos do mal. Livrai-nos, meu Deus, do mal de sermos julgadores astutos e habilidosos em fazer daquilo que amamos um deboche para os outros. Quero referir-me ao papado e ao papa. Sim, porque nós nos referimos a ele como a um qualquer. Se está "ao nosso lado" o seguimos, senão não o ouvimos. 

Quando escrevi acerca da descontinuidade de Traditionis Custodes com Summorum Pontificum, quis sim mostrar que esta existe e que isto é um grande problema na Igreja, um problema que faz/fará mais mal à Igreja que bem. Entretanto, o objetivo dos textos não foi atacar o papado e o papa Francisco, mas expor o meu pensamento divagante que me impelia a escrever aquilo que me incomodou durante estes últimos anos. 

É bem verdade que fiquei bastante desgostoso quando ouvi o nome Bergoglio ser anunciado pelo cardeal Tauran em 13 de março de 2013, do balcão central da basílica petrina. Eu, rato de política eclesiástica e muito ácido por informações, há anos lia sobre diversos cardeais e tudo o que me chegava do cardeal argentino eram notícias ruins, ou no mínimo, intrigantes e preocupantes. 

Ao mesmo tempo, pude me dar mais tempo para ir lendo suas homilias curtas e olhar seus gestos, (afinal um homem é aquilo que diz e faz) ao que percebi que não deveria ter revirado muito os olhos para o papa, se eu mesmo era “papista” no papado anterior. Hipocrisia, soberba, vaidade e cada vez mais uma trave no meu olho se punha. 

Mas depois dos sínodos sobre a família (2014 e 2015) e do sínodo sobre a Amazônia (2019), percebi que deveria voltar atrás e apenas rezar para que a tormenta passasse e que o pontificado fosse breve. Sim! Pensei muito se escreveria sobre isso. Pedi pela abreviação do pontificado do papa Francisco. Não posso negar que eu construí uma Igreja na minha cabeça e o papa não se encaixava nela.

Tolo e malvado fui. A Igreja não é minha, eu não sou ninguém, não sou escolhido por Deus para ligar e desligar nada. Deste mal não pedi livramento quando rezava: louco! Qual católico de verdade estaria contra o papa? 

Porém, graças a Deus, percebi que estava errado quando ouvi do próprio papa Francisco as diversas vezes que ele mesmo disse: “rezem por mim, a favor, não contra”. Percebi que eu usava de Deus para pedir algo contra a Sua vontade. Eu não rezava o Pai Nosso pedindo a vontade de Deus e sim a minha.

Há duas semanas, comecei a rezar mais intensamente pelo Papa, exatamente quando ele precisa mais ainda de nossas orações. O Senhor me ajudou a ver que foi Ele quem deu a Francisco as chaves e não a mim, e se eu digo que creio em Jesus, creio também na Igreja, e por isto creio no Papa, seja ele quem for. 

Que Deus restaure a saúde do Papa Francisco e lhe dê vigor no corpo e na alma!

Por fim, peço e digo “Livrai-nos, do mal de nós mesmos!”

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